
Os paracatuenses podem comemorar com muita admiração o título de maior área irrigada do Noroeste de Minas Gerais. Estudos concluídos em abril/2021, pela equipe técnica da Irriganor, Associação dos Produtores Rurais e Irrigantes do Noroeste de Minas, comprovam que o município de Paracatu-MG tem a maior área irrigada do Noroeste de Minas Gerais.
O mapeamento realizado pela Irriganor em dezembro/2019, apontou que o município de Unaí-MG possuía a maior área irrigada, com cerca de 73.920 hectares irrigados. Porém, conforme explica a coordenadora executiva da Irriganor, Juliana Oliveira, é preciso levar em consideração vários fatores condicionantes no mapeamento com uso de ferramentas geotecnológicas, em específico, referindo às alterações dos resultados apresentados recentemente.
É importante salientar e considerar que estamos lidando com o processamento de informações secundárias provenientes de imagens de satélites gratuitas disponibilizadas no Catálogo de Imagens do INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial), atualizadas em março/2021. As imagens utilizadas foram as chamadas imagens multiespectrais do Landsat-8. O software utilizado foi o QGIS 3.10.12, e que somado ao software Orfeo Mondeverdi e outras técnicas aplicadas, promoveu um ganho de resolução espacial de 30m para 15m, o que justifica um ganho na precisão de informações processadas durante as análises realizadas.
Desta forma, verificou-se que o município de Paracatu possui uma área irrigada de, aproximadamente, 71.702 hectares e 1.137 pivôs centrais distribuídos ao longo de sua extensão territorial, conforme pode ser visualizado na carta cartográfica abaixo.

Figura 01: Levantamento pivôs centrais e área irrigada de Paracatu-MG (abril/2021).
O município de Unaí-MG é o segundo maior em área irrigada no Noroeste de Minas Gerais, com aproximadamente 71.198 hectares e 863 pivôs centrais. Diante dos resultados apresentados, equivale dizer que os pivôs centrais em Unaí diminuíram? Não! Não podemos utilizar de tal afirmação. É coerente dizermos que os resultados mensurados são construções de processos evolutivos mais lapidados, uma vez que, ganhamos mais precisão na análise das imagens.

Figura 02: Levantamento de pivôs centrais e área irrigada de Unaí-MG (abril/2021).
Outro ponto muito importante a ser ressaltado em análises técnicas processadas a partir de imagens de satélites gratuitas, é que nem sempre as informações poderão ser exatamente idênticas quando geradas por técnicos e/ou profissionais diferentes. Deve-se levar em consideração o olhar apurado de cada profissional e também as técnicas utilizadas para o processamento das informações coletadas. Fato este que não equivale dizer que o levantamento x ou y está equivocado ou comprometido, até porque os resultados não se divergem muito quando comparados, porém, conforme já mencionado acima, estamos lidando com informações geoespacializadas e que possuem algumas limitações a serem consideradas.
Outro ponto de destaque a ser considerado dentre os desafios dos levantamentos por pivôs centrais é que alguns destes equipamentos são móveis, especialmente em culturas de cana de açúcar e também existem alocações destes equipamentos. Ressalta-se também que os resultados aqui apresentados, referem-se somente aos relacionados a irrigação por pivôs centrais, não entrando nesta somatória outros tipos de irrigação.
Convém ressaltar que as geotecnologias são de suma importância para o mapeamento, levantamento de informações e gestão territorial. Essas ferramentas estão cada vez mais acessíveis e já se tornaram essenciais em estudos e análises técnicas, como o mapeamento aqui apresentado pela Irriganor, através dos resultados relacionados a área irrigada e quantificação de pivôs centrais, bem como a distribuição territorial desses pivôs centrais.

Por: Juliana Gracieli R. de Oliveira
Bióloga, especialista em Biotecnologia, especializando em Geoprocessamento, Mestranda em Estudos Rurais – PPGER da UFVJM e Coordenadora Executiva da Irriganor.
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